O game Guitar Hero vai acabar. É uma pena, porque nos últimos anos ele tem sido uma porta de entrada de muita criança e adolescente para o mundo do rock, do blues e da boa guitarra. Antes de mais nada, vamos esclarecer que o game não ensina a tocar nem ajuda muito quem está aprendendo ou já sabe alguma coisa. É só um jogo mesmo.
Mas quando alguém fica horas brincando tendo ao fundo uma trilha sonora que inclui Deep Purple, Black Sabbath, The Who, Kiss, Judas Priest e por aí vai, vamos concordar que é uma forma muito especial de mergulhar no rock.
É verdade que a lista de músicas do jogo tem muita coisa duvidosa e bastante porcaria, mas testemunhei vários casos de garotos e garotas que viraram fãs de grandes bandas de tanto curtir o som enquanto jogavam. Também sei de gente que saiu do teclado do computador direto para uma escola de guitarra, inspirado no jogo. Na adrenalina do game, o jogador muitas vezes se sente no meio do concerto e em pouco tempo já mistura jogar com a curtição de tocar e cantar.
Além disso, na tensão de passar de fase, dá para perceber como o autor compôs a música e fez o arranjo, as dificuldades de cada solo, a sofisticação da criação.
Tocar nota por nota junto com Stevie Ray Vaughan, Eric Clapton ou Jimi Hendrix não é pouco e dá uma dimensão da complexidade de um solo de guitarra que a maioria das pessoas não compreende apenas ouvindo. Aliás, o game conseguiu a façanha de colocar nas paradas de sucesso dos jogadores um dos top ten de SRV, Texas Flood, para muita gente que não conhecia nem a música nem o cara.
O fim de Guitar Hero tem a ver com a estratégia de negócios da Activision, que quer investir em outras áreas. O sucessor do jogo, Rock Band, desenvolvido pela mesma Harmonix, que lançou Guitar Hero em 2005, não tem a mesma pegada, é mais uma brincadeira de grupo e não permite tão bem essa ligação entre quem está jogando e a música. E ele também tem futuro incerto. A versão 4, já prometida, não tem data para sair. Talvez nem saia.
Isso tudo é uma pena. Afinal, se você tem que conviver com bandos de adolescentes vidrados no monitor, é melhor que seja ouvindo Metallica ou Iron Maiden do que barulhinhos de tiros de laser e efeitos especiais de fantasmas desaparecendo na tela.
Fonte: Olhar direto
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